terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Você já ouviu falar nos anos úteis?

Sempre que muita mulher se reúne alguns assuntos se repetem, roupas, acontecimentos do dia a dia feminino, porém eu e algumas amigas, debatemos muitas vezes a teoria dos anos úteis. Tá, já sei, você deve estar se perguntando, mas o que raio são os tais anos úteis? Calma, calma, já explico. Os anos úteis, segundo a nossa teoria, são quantos anos ainda restam para realizar tudo que a sociedade (e muitas vezes nossas famílias) nos cobra ter realizado antes dos 30 anos. Ainda não ficou claro? Assim, logo que saímos do colégio é aquela pressão de vestibular: fazer vestibular, ser aprovado, ter feito a escolha certa da profissão. Depois disso, começar a faculdade, estagiar, arranjar um emprego bom e se formar. Enquanto isso, o relógio vai fazendo tic tac e o que acontece? Temos que morar fora do país pois ter uma experiência no exterior conta muito para o quesito bom emprego, mesmo que lá fora estejamos trabalhando no que eu chamo de sub-emprego, algo que jamais faríamos aqui, na nossa terra natal. Essa experiência fora do Brasil pode ser no meio da faculdade ou depois (é sempre uma opção caso ao se formar não se esteja num bom emprego). No meio de tudo isso já é bom ir logo pensando numa pós graduação (se consegurimos unir a experiência fora do país com a pós, melhor ainda) e se conseguirmos pagar a pós graduação sem pedir "paitrocínio" é uma grande conquista. E a todas essas, temos quantos anos? Vinte e poucos, aproximadamente um quarto de século.
Ah, enquanto fazemos pós, devemos começar a procurar apartamento porque já está mais do que na hora de ser independente. Iiih, já ia me esquecendo, tem o carro também (esse já deve existir há anos). Concomitantemente com todos os fatos mencionados, temos que estar conhecendo, ou já ter conhecido, o homem de nossas vidas. Sim, porque depois de ter o próprio apartamento, graduação, pós graduação, experiência fora do país ainda temos que casar (lembrando que tudo isso antes dos 30). Mas porque?
Porque nossos pais, e grande parte da sociedade, viveram num tempo em que se casava aos 20 e poucos anos, e como diz o ditado: "quem casa, quer casa", ou seja, nem que fosse um apartamento alugado eles tinham. Rapidinho já tinham filhos e estavam "estabelecidos nos parâmetros da sociedade" com menos de 30 anos. Faziam algum esforço pra manter a casa e os filhos, mas viviam bem. E esperam que a gente consiga realizar os mesmos feitos.
O que acontece hoje é que nós pensamos mil vezes antes de fazer as mesmas coisas que nossos pais fizeram, porque temos que abrir mão do conforto, das saídas, bebedeiras, compras e viagens para formar uma família com menos de 30 anos. O porquê dessa idade? Devido a vida fértil feminina, para gravidez sem risco. Se eu quero ser mãe aos 40 anos? Não! Claro que não. Mas ao mesmo tempo, quero dar para os meus filhos as mesmas condições de estudo, de conforto, de lazer que tive e isso talvez só aconteça quando eu for mais velha... eaí, já terei passado dos 30. Algum problema? Nenhum, apenas viver com cobranças, mas isso já estamos bem acostumados desde cedo. Sabe o que mais me revolta sobre tudo isso? É ser cobrada a realizar um monte de coisas e não ser cobrada pelo fundamental: SER FELIZ! Sim, porque se depois de ter conquistado tudo que é imposto aí fora você não for feliz, eu lhe perguntarei: Valeu a pena? E provavelmente a resposta será: em parte. Desculpa sociedade: eu não quero ser feliz em parte!